Ana Beatriz Crespo
Fernandes Lopes* |
Essa virulência A incongruência de sentido Das massas frias de cimento Que abrigam humanos A mistura confusa das ideias Que conspira contra o eu E que se aperta Prepotentemente idiota Entre os tijolos e as coisas Estes pensamentos hostis Enfadonhos, poderosos Que se apossaram das rédeas, do leme, do “mouse”, do curso histórico, do que restou do homem Os valores atrelados ao comportamento coisificado, na cegueira da entrega à imagem plasmada A uva murchou ao estado de passa, com gosto insípido e aparência
amorfa, deteriorada Nas ruas, nuvens caudalosas de
fumaça e símbolos elegantemente
agressivos, perturbadores, amnésicos Que te compram os olhos, os gestos, o desejo Sinto a solidão espraiando o
pensamento A saudade tola do tempo sem
lantejoulas Da rede rangendo Dos cabelos desalinhados Da pele de viço virgem Renegando o estupro da realidade. |
* Ana Crespo Fernandes Lopes, |